Doze mil bibliotecas que mudam vidas

Nicholas D., Kristof

John Wood, que trabalhou na Microsoft, criou a instituição Room to Read com a qual está suprindo com livros milhares de crianças em todo o mundo

Um dos triunfos legendários da filantropia foi a construção por Andrew Carnegie de mais de 2.500 bibliotecas mundo afora. Sua fama em estimular o aprendizado jamais foi igualada, mas, numericamente, seu feito foi ultrapassado várias vezes por um americano de quem provavelmente o leitor jamais ouviu falar.

Vim ao Vietnã para ver John Wood entregar seu décimo milionésimo livro a uma biblioteca que sua equipe fundou nesta aldeia no Delta do Mekong - enquanto centenas de crianças locais aplaudiam e abraçavam os livros que ele trouxera como se fossem os mais raros tesouros. A organização beneficente de Wood, Room to Read, abriu 12 mil dessas bibliotecas por todo o mundo, juntamente com 1.500 escolas.

Sim, o leitor leu corretamente. Ele abriu quase cinco vezes mais bibliotecas que Carnegie, embora as suas sejam, sobretudo, instalações de um cômodo que não se parecem em nada com as bibliotecas grandiosas de Carnegie.

A Room to Read é uma das instituições beneficentes que mais crescem nos Estados Unidos e está abrindo novas bibliotecas a um ritmo alucinante de seis por dia. A título de comparação, a rede McDonald's inaugura uma nova loja a cada 1,08 dia.

Tudo começou em 1998 quando Wood, então um diretor de marketing da Microsoft, encontrou por acaso uma escola remota no Nepal que atendia 450 crianças. Havia somente um problema: ela não tinha livros.

Wood ofereceu-se jovialmente para ajudar e acabou enviando uma montanha de livros por meio de uma tropa de burros. As crianças locais ficaram delirantemente felizes e Wood disse que sentiu tamanha alegria que deixou a Microsoft, largou a namorada de toda a vida (que achou que ele havia pirado) e fundou a Room to Read em 2000.

Ele teve de enfrentar um desafio após outro, não só de abrir as bibliotecas, mas também de enchê-las de livros que os garotos gostassem de ler.

"Não há livros para crianças em algumas línguas, por isso tivemos de também nos tornar editores", explica Wood. "Estamos tentando encontrar o Dr. Seuss do Camboja." A Room to Read possui, até agora, 591 títulos publicados em línguas que incluem o khmer, nepalês, zulu, lao, xhosa, chhattisgarhi, tharu, tsonga, garhwali e bundeli.

Ela também apoia 13.500 meninas pobres que sem isso teriam de largar a escola. Num remoto recanto do Delta do Mekong, só alcançável por barco, conheci uma dessas garotas, uma aluna da 10.ª série chamada Le Thi My Duyen. Sua família, desalojada pelas enchentes, vive num barraco esquálido à margem de um dique.

Quando Duyen estava na 7.ª série, ela largou a escola para ajudar a família. "Eu achava que educação não era tão necessária para meninas", recordou Duyen.

Os funcionários de contato da Room to Read foram até a casa dela e convenceram a família a enviá-la de volta à escola. Eles pagaram suas taxas, compraram uniformes escolares e ofereceram-se para colocá-la num dormitório para que ela não tivesse de viajar duas horas para ir ou voltar da escola de barco e bicicleta.

Agora Duyen está de volta, uma estrela em sua turma - e sonhando alto. "Gostaria de ir para a universidade", ela confessou, timidamente.

O custo por garota desse programa é US$ 250 anuais. Para efeito de comparação, dizem que o casamento de Kim Kardashian custou US$ 10 milhões. Essa soma poderia ter apoiado outras 40 mil garotas na Room to Read.

Muitos esforços americanos para influenciar países estrangeiros não tiveram êxito - sobretudo aqui, no Vietnã, uma geração atrás. Nós lançamos mísseis, enviamos tropas, contratamos fantoches estrangeiros e gastamos bilhões sem realizar muito. Ao contrário, escolarizar é barato e revolucionário. Quando mais dinheiro gastamos hoje em escolas, menos teremos de gastar em mísseis amanhã.

Wood, de 47 anos, é incansável, entusiasmado e emotivo: um orador motivacional sem botão de desligar. Ele se desmanchou todo enquanto as garotas descreviam como a Room to Read transformara suas vidas.

"Se você pode mudar a vida de uma garota para sempre, e o custo é tão baixo, por que há tantas garotas fora da escola?" ele refletiu.

O mundo das organizações humanitárias é em geral terrível para passar sua mensagem, e o sucesso do Room to Read resulta, em parte, do passado profissional em marketing de Wood.

Ele escreveu um livro fabuloso, Leaving Microsoft to Change the World ("Larguei a Microsoft para mudar o mundo", em tradução livre) para espalhar a palavra, e a Room to Read agora possui divisões para arrecadação de fundos em 53 cidades por todo o mundo.

Ele também dirige a Room to Read com uma eficiência empresarial agressiva que aprendeu na Microsoft, atacando o analfabetismo como se fosse o Netscape.

Ele diz a apoiadores que eles não estão doando para caridade, mas fazendo um investimento: onde se poderia obter mais retorno de um investimento do que iniciando uma biblioteca por US$ 5 mil?

"Fico frustrado por haver 793 milhões de pessoas analfabetas, quando a solução é tão barata", disse-me Wood do lado de fora de uma de suas bibliotecas no Mekong. "Oferecermos isso não é garantia de que toda criança aproveitará. Mas se não oferecermos, é praticamente garantido que perpetuaremos a pobreza." "Em 20 anos, gostaria de ter 100 mil bibliotecas, atingindo 50 milhões de garotos", disse-me Wood.

"Nossa meta para 50 anos é inverter a noção de que se possa dizer a uma criança 'você nasceu no lugar errado no tempo errado e por isso não será educado'. Essa ideia pertence ao lixo da história humana." / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK

É COLUNISTA, GANHADOR DO PRÊMIO PULITZER, NICHOLAS D., KRISTOF, THE NEW YORK TIMES, É COLUNISTA, GANHADOR DO PRÊMIO PULITZER, NICHOLAS D., KRISTOF, THE NEW YORK TIMES - O Estado de S.Paulo

Fonte: Estadão

Aniversariantes do mês de novembro


A equipe da Biblioteca Central ESPM-SP se reuniu para comemorar os aniversários dos colaboradores Isabel, Cibele, Jean, Kelly e Karina.

Parabéns, desejamos felicidade e sucesso.

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Feira do Livro Indígena reúne diversos escritores e artistas

Terá início na noite desta quarta-feira (23.11), a 2ª Feira do Livro Indígena de Mato Grosso (Flimt).

A Flimt tem como objetivo valorizar a cultura indígena através da literatura e conta com a presença de mais de 20 escritores indígenas e não indígenas. O público poderá encontrar a ‘Livraria da Feira do Livro indígena’ e o ‘Espaço da editora’.

Na Livraria indígena, as editoras vão comercializar as obras; já no Espaço da Editora, cada uma levará um autor e sua obra para confraternizar com o público presente. O público poderá visitar exposições de artefatos e fotos, além de conhecer um pouco mais do Palácio da Instrução, Patrimônio Histórico do Estado. Juliana Capilé organizadora do Flimt, ressaltou a utilidade deste espaço explicando que “essa parte da feira é reservada para as editoras que investem no tema indígena. É importante ter desse espaço pra divulgar as editoras que divulgam este tema. Neste espaço vai acontecer o encontro com autores, lançamentos e bate papos entre escritores e o público“.

Entre os autores esperados na Flimt, está Daniel Munduruku lançando ‘Mitos Indígenas Brasileiros’, e ‘Histórias que eu Li e Gosto de Contar’ – Editora Callis. O escritor nasceu em Belém (PA), filho do povo indígena Munduruku. Formado em filosofia, com licenciatura em história e psicologia, integrou o programa de pós-graduação em antropologia social na USP. Lecionou durante dez anos e atuou como educador social de rua pela Pastoral do Menor de São Paulo. Esteve em vários países da Europa participando de conferências e ministrando oficinas culturais para crianças. Autor de ‘Histórias de índio’, ‘Coisas de índio’ e ‘As serpentes que roubaram a noite’. Os dois últimos premiados com a menção de livro Altamente Recomendável pela FNLIJ. Seu livro ‘Meu avô Apolinário’ foi escolhido pela Unesco para receber menção honrosa no Prêmio Literatura para Crianças e Jovens na Questão da Tolerância. Entre outras atividades, participa ativamente de palestras e seminários destacando o papel da cultura indígena na formação da sociedade brasileira.

Maria Teresa Carracedo, editora da Entrelinhas, comentou sobre a importância em divulgar a literatura indígena, ao dizer que “toda a sociedade brasileira tem muito a aprender com o conhecimento milenar dos povos indígenas, é importante contribuir nesse processo de aprender e divulgar. Nesta semana ganhamos o mais importante prêmio de designer do Brasil no Museu da Casa Brasileira, com a obra Tecnologia Indígena em MT: Habitação, do autor indígena José Afonso Portocarrero. O autor estará presente na Flimt, dia 24, no estande da editora, fazendo a exposição de maquetes e autografando os livros”.

A Flimt é uma realização da Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso, com patrocínio da Petrobrás e Governo Federal.

Mais informações pelo blog www.flimt.blogspot.com, flimt@cultura.mt.gov.br

Fonte: 24HorasNews