A biblioteca do futuro (que você provavelmente não vai conhecer)

Jessica Soares
11/9/2014
 
Nada de leitores de conteúdo futuristas ou formas inovadoras de experimentar a palavra escrita. O projeto The Future Library, concebido pela artista escocesa Katie Paterson, vai produzir livros de papel, iguais aos que você conhece hoje. Até aí, nada novo. Mas o conceito é certamente inusitado: se tudo correr como o previsto, as obras só vão ser lidas daqui 100 anos.

Mil árvores foram plantadas pelo projeto na floresta de Nordmarka, perto da cidade de Oslo, na Noruega. A ideia é que, todos os anos, pelo próximo século, um autor diferente contribua para o projeto com um manuscrito inédito e adicione mais uma obra à coleção. Em 2114, as árvores plantadas em 2014 serão cortadas para que os 100 livros sejam publicados e possam, finalmente, ser lidos.

 



Uma das autoras que já topou participar da antologia é a canadense Margaret Atwood, responsável por obras premiadas como O Conto de Aia (1985) e O Assassino Cego (2000). Ela está atualmente trabalhando na obra que só vai chegar às prateleiras daqui um século. “Eu acho que é uma ideia que remete diretamente a uma fase da nossa infância, quando costumávamos enterrar pequenas coisas no quintal na esperança de que alguém iria desenterrá-las em um futuro distante e dizer: ‘Que interessante esta peça enferrujada de metal e este pequeno saco de bolas de gude. Quem será que colocou isso aqui?’”, disse a autora ao The Guardian.

Uma cerimônia em 2015 marcará a entrega do manuscrito de Margaret Atwood, o primeiro a ser guardado a sete chaves. Todos os textos serão preservados em uma sala especialmente projetada na nova Biblioteca Pública de Oslo. Lá estarão registrados os títulos e os respectivos autores de todas as obras da coleção futura e guardará, daqui a 100 anos, os livros publicados. Quem viver até lá, lerá.

 

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